Me enchi de uma coragem que até então eu
desconhecia,
a suportei, não tremi, não gelei, nada,
absolutamente nada,
nem minha voz, nem ela que é tão
delicada
e doce como se ainda fosse uma criança,
desafinou ou tropeçou:
- Amor, tu me ama?
Ele demorou, talvez mais do que eu pudesse
ter suportado,
era tempo de eu ter vivido e renascido
centenas de vezes.
Então por um momento, algo gelou,
algo deu de voar para longe, e esse
algo
era uma espécie de esperança e medo, ainda
não respondidos:
- Te amo, mas enfim que já é tão tarde...
Depois eu fui desmoronando,
até entender que o amor era algo diferente
de mim.
Que o amor não tem a mesma urgência,
a mesma crença e gana que eu tenho
de me sentir viva, ou de apenas sentir.
-Cáh Morandi-
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