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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Jose Tolentino Mendonça

A vida hoje afastou-nos da natureza: 
as paisagens urbanas, com as suas florestas de betão,
encerram a vida entre paredes eficazes, 
muito cômodas, é certo, mas o ar que respiramos 
por alguma razão se chama “ar condicionado”. 
O que acredito é que precisamos de amplitude, 
de campos vastos a perder de vista, 
de viagens mais profundas que as da rotina. 
Precisamos perceber o silêncio das coisas, 
cúmplice do silêncio da nossa alma. 
Precisamos da liberdade leve dessas horas inapreensíveis 
que passamos junto ao mar. Há um poeta que diz: 
“Deus anda à beira d’água”. Não me admiro nada. 
A imensidão, o nome límpido, a alegria azul do mar 
são lugares onde Deus deixou o seu toque. 
Os caminhos marítimos 
para os outros continentes estão descobertos. 
Falta, talvez, (re)descobrir o caminho marítimo 
para o porto secreto de cada coração.
-José Tolentino Mendonça-


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