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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Florbela Espanca

Eu trago-te nas mãos o esquecimento 
das horas más que tens vivido, amor! 
e para as tuas chagas o unguento 
como que sarei a minha própria dor
Trago no nome as letras duma flor… 
foi dos meus olhos garços que um pintor 
tirou a luz para pintar o vento…
Dou-te o que tenho: o astro que dormita, 
o manto dos crepúsculos da tarde, 
o sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez! 
- eu sou aquela de quem tens saudade, 
a princesa do conto: “Era uma vez…”
-Florbela Espanca-


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