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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Antero de Quental

As Fadas 

As fadas… eu creio nelas!
Umas são moças e belas,
Outras, velhas de pasmar…
Umas vivem nos rochedos,
Outras, pelos arvoredos,
Outras, à beira mar… 

Algumas em fonte fria
Escondem-se, enquanto é dia,
Saem só ao escurecer…
Outras, debaixo de terra,
Nas grutas verdes da serra,
É que se vão esconder…
Umas têm mando nos ares; 

Outras, na terra, nos mares;
E todas trazem nas mãos
Aquela vara famosa,
A vara maravilhosa,
A varinha de condão! 

O que elas querem, num pronto
Fez-se ali! Parece um conto…
Mesmo de fadas… eu sei!
São condões, que dão à gente
Ou dinheiro reluzente
Ou jóias, que nem um rei!

Quantas vezes, já deitado,
Ma sem sono, ainda acordado,
Me ponho a considerar
Que condão eu pediria,
Se uma fada, um belo dia,
Me quisesse a mim fadar… 

O que seria? Um tesouro?
Um reino? Um vestido de ouro?
Ou um leito de marfim?
Ou um palácio encantado,
Com seu lago prateado
E com pavões no jardim? 
-Antero de Quental-
Tesouro Poético da Infância,
Lello & irmão Editora


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